A Conquista de Ding Liren aconteceu na cidade de Astana, no Cazaquistão, onde realizou-se o match organizado pela FIDE (Federação Internacional de Échecs – Xadrez em francês), para a disputa do título mundial desse que é um dos esportes mais populares do mundo.
Tradicionalmente a diputa pelo título mundial de xadrez acontece entre um desafiante ao título, previamente selecionado por uma sequência de torneios e o próprio campeão mundial de xadrez. No entanto essa disputa foi marcada pela não defesa do título pelo atual ex-campeão mundial Magnus Carlsen que abdicou o direito de conservar o título mais uma vez.
Não resta dúvida de que Carlsen continua sendo o melhor enxadrísta do mundo, a dúvida é se ele é o melhor da história (e tem muitos enxadristas que pensam isso mesmo). O ex-campeão mundial de xadrez conquistou o título pela primeira vez em 2013 e o manteve contra Viswanathan Anand, Sergey Karjakin, Fabiano Caruana e duas vezes contra Ian Nepomniachtchi, que agora ao ser derrotado por Ding, acumula a tríplice coroa de vice campeão mundial (título fictício mas que dá a ideia de quão próximo esse russo chegou do titulo).
A vitória do chinês (e a derrota do russo) foi por muito pouco, no detalhe. Ocorreu na última das 4 partidas de desempate (no rítimo de 25 minutos para cada jogador com 10 segundos de acréscimo por lance). O desempate ocorreu após um empate no match de 14 partidas clássicas (no rítimo de 60 minutos para cada jogador fazer os primeiros 40 lances, ao final dos quais recebiam mais 60 minutos, ao chegar no lance 60 cada jogador ganhava mais 15 minutos e o bonus de 30 segundos por lance). Foi uma disputa emocionante. Cada jogador ganhou 3 partidas e empataram 8. Ding nunca esteve a frente no placar. Chegou a perder uma partida por não conseguir completar os 40 lances em uma hora. Mas demonstrou empenho ao buscar a igualdade no placar.
A consagração na última partida de desempate ocorreu na fase final do jogo, quando parecia que mais um empate estava seria o resultado, mas um descuido mostrou-se fatal para as pretensões russas de voltar ao topo do xadrez mundial. O “Dragão chinês” não desperdiçou a derradeira oportunidade de colocar seu nome na seleta lista de campeões mundiais de xadrez. Sua súbita vitória provocou frenesi nas mídias sociais chinesas, com uma hashtag relacionada ao novo campeão acumulando rapidamente mais de 10 milhões de visualizações no Weibo, uma plataforma semelhante ao Twitter. Usuários chineses, cheios de orgulho e alívio após três semanas cheias de ansiedade e nervosismo, celebraram o título, ainda que alguns admitissem sua ignorância de como jogar xadrez. Quase todos concordaram com a importância do momento: “Nós, chineses, subimos ao estágio mais alto do xadrez”, escreveu um comentarista. “Ding Liren é o orgulho da China”, sentenciou outro.
