O dragão de Ap 12

«
| Mal
| ↑
| DRAGÃO = DIABO
| ↓
| Sistemas iníquos

Em verdade, Ap 12 focaliza apenas o primeiro nível (Dragão = Diabo), deixando em segundo plano suas concretizações históricas, as quais serão desenvolvidas no capítulo seguinte na forma das duas Feras: a dom Mar, que também tem sete cabeças e uma coroa sobre cada cabeça (Ap 13,1), e a da Terra, que, tem cara de cordeiro, mas voz de dragão (Ap 13,11).


Notemos que o contraste entre os dois “sinais”, respectivamente, da Mulher e do Dragão, não poderia ser mais violento: da parte da Mulher, a suprema fraqueza, e da parte do Dragão, a máxima força; da parte da Mulher, a extrema expressão da humanidade, e da parte do Dragão, a mais repugnante manifestação de brutalidade.


Contudo, sob estas aparências contrárias, lateja uma outra realidade. A aparente fraqueza da Mulher é a verdadeira força, e a aparente força do Dragão é a verdadeira fraqueza. A vitória está não com quem traz ódio, violência e morte, mas com quem sofre para testemunhar o Amor e dar a vida. Eis, portanto, o segredo que o Livro da Revelação quer desvendar a nossos olhos.


(…)
Quanto aos empreendimentos do Dragão, desembocam todos no fracasso: a tentativa de devorar o Menino, a batalha com Miguel, a perseguição da Mulher e, enfim, a perseguição dos fiéis. Seu assalto é típico de quem está desesperado e sabe-se perdido. Tudo o que intenta fracassa, para seu maior furor.


(…) De fato, em Jesus o Reino de Deus enfrenta vitoriosamente o Reino de Satanás (Cf. Mt 12,25-29), ainda que este volte a se encarnar nos sistemas de injustiça que se sucedem na história.”

Clodovis Boff. Mariologia Social, p. 396-397

Imagem: Jade Lee on Unsplash