Crescei e multiplicai-vos

Jeremias repete a expressão “crescei e multiplicai-vos”, ordem dada por Deus à humanidade no Gênesis (mas não como coelhos, complementou o Papa Francisco em 2015).

Aqui esta expressão aparece reafirmando aquela ordem, e também parece o marco de uma promessa: “quando vos tiverdes multiplicado e crescido na terra…”.
Para além da reprodução humana, isto também deve significar o quão distantes estamos disto, seja como uma ordem, seja como meta. Pois crescemos em número, mas ao invés de nos multiplicarmos, nos dividimos cada vez mais.
Esta divisão constante é o contrário do que o que Deus promove entre nós, a união que resulta do amor.

Não podemos apenas pensar em “crescei e multiplicai-vos” numérica e biologicamente. Se gerar filhos é uma graça dada por Deus, é uma graça para nós, porque Deus mesmo não depende das nossas relações sexuais para nos criar.

“Crescer” é muito diferente de engrandecer-se, mas estamos cumprindo a ordem de Deus apenas neste sentido, como se ela fosse “engrandecei e proliferai-vos”. Precisamos de pessoas, de mais pessoas neste mundo, e precisamos tratá-las como tal, assim como precisamos tratar a Terra como outra graça de Deus, e não tratar ambos – as pessoas e a Terra – como algo a ser explorado.

Enquanto tratarmos e permitirmos tratarem as pessoas como números, como coisas e como recursos, estaremos reforçando os ódios e as divisões que são obstáculos ao projeto de Deus. Sendo o projeto de Deus, ele vai se cumprir, sejam quais forem os obstáculos – é apenas para nós que estes obstáculos dificultam tudo.